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Pânico na TV
O Programa Pânico na TV produzido pela Rede TV, inicialmente veiculado no Rádio e depois transformado em programa televisivo, destina-se a um público jovem e que têm na sua maioria a TV e o rádio como únicas fontes de referência artístico/culturais. O programa sofre influência dos realitys shows no sentido em que se imiscuem na vida privada, buscando o sensacionalismo. Apresenta o politicamente incorreto: machismo, exibicionismo, homofobia, forte apelo sexual, racismo e explora o grotesco como forma de entretenimento. A mulher é vista apenas como um objeto do desejo masculino e não são pouco as vezes em que são colocadas em posição degradante.
Do ponto de vista de valores éticos, de respeito à dignidade humana, da diversidade ética e sexual, o Pânico vai à contra mão das conquistas de grupos que lutam contra o preconceito e a discriminação. Os seus criadores veiculam um discurso de inovação e criatividade, no entanto, do ponto de vista dos conteúdos veiculados não trazem nada de novo. Não se propõe a reflexão desses conteúdos e tão pouco a transformação social, apenas reforçam de forma explícita, preconceitos arraigados no ser humano.
Imbuído com um discurso transgressor, o programa reforça a discriminação contra as ditas “minorias” e de forma degradante explora brincadeiras invasivas e de flagrante desrespeito que legitimam os estereótipos.
O Programa exibe um forte apelo comercial que se materializa nas propagandas e merchandising muitas vezes classificados como apelativos. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem se posicionado com relação a essa publicidade.
Em 2002 foi criada a campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, visando à promoção do respeito aos direitos e a dignidade do ser humano nos programas televisivos. Essa campanha recebeu, no ano passado, inúmeras denúncias de cidadãos que acusavam o programa Pânico na TV de veicular conteúdos de forte apelo sexual, incitação à violência contra as minorias, desrespeito à dignidade humana e horário inadequado para menores.
A TV brasileira se coloca contra a criação de um observatório da mídia e de um marco regulatório. O discurso das emissoras de TV, rádios e jornais é que essa fiscalização é uma forma de censura. No entanto, se sentem à vontade para oferecer à população uma visão única, revestida com discurso novo e de flagrante desrespeito à dignidade humana. Nesse sentido, o caminho mais fácil é responsabilizar as pessoas que consome tais programas, ao invés de se fazer análise conjuntural que chame à responsabilidade de todos os setores da vida brasileira, e dessa forma, propor uma nova maneira de se fazer entretenimento e porque não também de educar?
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