No texto, Ana Mae,[1] faz uma análise sobre os rumos da Arte-Educação no Brasil, contextualizando as mudanças ocorridas ao longo de 17 anos (1971 a 1988). Logo no início do texto, traz elementos importantes para a compreensão de como as Artes entraram para o currículo de Ensino Fundamental (séries finais) e Médio como disciplina obrigatória. Na época o país vivia em pleno Regime militar e um acordo MEC/USAID – 1971, reformulou a educação brasileira, instituindo entre outras mudanças a obrigatoriedade das artes no currículo como forma de profissionalizar mão de obra barata para as multinacionais.
Naquele momento não havia capacitação em nível superior em Arte-Educação e o governo federal resolveu criar curso para professores da área. No entanto, esses cursos pretendiam preparar profissionais para trabalhar com as mais diversas linguagens artísticas em apenas dois anos. A formação ficava comprometida e o professor terminava o curso com uma visão simplista sobre os procedimentos teórico-metodológicos, fato constatado pela autora em pesquisa em 1983: “identificação da criatividade como espontaneidade não é surpreendente porque é uma compreensão de senso comum da criatividade.” Todos os professores entrevistados apontavam o desenvolvimento da criatividade como objetivo principal das suas aulas. A criatividade estava relacionada à autoliberação, a espontaneidade e originalidade. No contexto político em que se encontrava o país é compreensível a identificação da criatividade com autoliberação, uma vez que, estávamos no fim do regime militar que censurava a liberdade de expressão individual.
A visão que permeava as aulas de artes estava centrada na visão dos conteúdos baseados no laissez faire e no preconceito contra a utilização de imagens na sala de aula. Com isso, as escolas, não valorizam o processo de avaliação em artes - que era vista como atividade e não como disciplina. A apreciação estética e a história da arte não eram trabalhadas. As poucas imagens que circulavam pela sala era as do livro didático, que por sinal eram de qualidade duvidosa e a dos desenhos dos próprios estudantes ou professores. Visitas às exposições e museus eram raras e na maioria dos casos os estudantes não tinham acesso a revistas e a referência vinha dos desenhos da TV.
Os anos oitentas foram identificados como a década da crítica sobre o ensino das artes e a busca de solução para os problemas identificados. A constituição de 1988 trouxe avanços significativos em vários campos sociais. No que se refere à educação, a constituição determinou “liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e disseminar pensamento arte e conhecimento”. O avanço nas áreas de Artes foi uma conquista dos arte-educadores que pressionaram os políticos responsáveis pela apresentação das linhas mestres da Nova Constituição. Cabe aqui ressaltar, a politização desses profissionais e a luta em busca de políticas educacionais para a área e a sua trajetória de organização e posicionamento para impedir a manipulação governamental da disciplina.
A autora ressalta que no final da década de 80 os arte-educadores se encontravam “com um uma atuação bastante ativa e consciente, mas com uma formação fraca e superficial no que diz respeito ao conhecimento de arte-educação e de arte”. Alguns cursos de atualização para os professores de artes foram financiados pelo governo no período pós-ditadura e o pioneiro foi o Festival de Campos de Jordão. Esse evento foi o primeiro a fazer uma associação entre análise da obra de arte com história da arte e o com o fazer artístico. Vários outros cursos de atualização na área foram oferecidos com o intuito de se pensar as artes na escola.
Aos pouco a visão sobre arte-educação como área de conhecimento vai sendo reconhecida e o seu potencial como transmissor de valores estéticos e culturais. A proposta triangular que valoriza leitura e contextualização das obras de artes e a produção artística, ganha espaço nas escolas. No entanto, ainda temos muito que caminhar: ainda vemos profissionais trabalhando de forma descontextualizada da realidade, professores de outras áreas atuando como arte-educadores sem nunca ter lido um texto sobre o assunto e escolas que entendem que o papel das artes é a criação de “pecinhas” para datas comemorativas ou para decorar a escola. Acredito que cursos como os da UAB/UnB e projetos como o Prolicen[2] podem melhorar a qualidade do ensino das artes, abrindo uma nova perspectiva de valorização da disciplina.
Naquele momento não havia capacitação em nível superior em Arte-Educação e o governo federal resolveu criar curso para professores da área. No entanto, esses cursos pretendiam preparar profissionais para trabalhar com as mais diversas linguagens artísticas em apenas dois anos. A formação ficava comprometida e o professor terminava o curso com uma visão simplista sobre os procedimentos teórico-metodológicos, fato constatado pela autora em pesquisa em 1983: “identificação da criatividade como espontaneidade não é surpreendente porque é uma compreensão de senso comum da criatividade.” Todos os professores entrevistados apontavam o desenvolvimento da criatividade como objetivo principal das suas aulas. A criatividade estava relacionada à autoliberação, a espontaneidade e originalidade. No contexto político em que se encontrava o país é compreensível a identificação da criatividade com autoliberação, uma vez que, estávamos no fim do regime militar que censurava a liberdade de expressão individual.
A visão que permeava as aulas de artes estava centrada na visão dos conteúdos baseados no laissez faire e no preconceito contra a utilização de imagens na sala de aula. Com isso, as escolas, não valorizam o processo de avaliação em artes - que era vista como atividade e não como disciplina. A apreciação estética e a história da arte não eram trabalhadas. As poucas imagens que circulavam pela sala era as do livro didático, que por sinal eram de qualidade duvidosa e a dos desenhos dos próprios estudantes ou professores. Visitas às exposições e museus eram raras e na maioria dos casos os estudantes não tinham acesso a revistas e a referência vinha dos desenhos da TV.
Os anos oitentas foram identificados como a década da crítica sobre o ensino das artes e a busca de solução para os problemas identificados. A constituição de 1988 trouxe avanços significativos em vários campos sociais. No que se refere à educação, a constituição determinou “liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e disseminar pensamento arte e conhecimento”. O avanço nas áreas de Artes foi uma conquista dos arte-educadores que pressionaram os políticos responsáveis pela apresentação das linhas mestres da Nova Constituição. Cabe aqui ressaltar, a politização desses profissionais e a luta em busca de políticas educacionais para a área e a sua trajetória de organização e posicionamento para impedir a manipulação governamental da disciplina.
A autora ressalta que no final da década de 80 os arte-educadores se encontravam “com um uma atuação bastante ativa e consciente, mas com uma formação fraca e superficial no que diz respeito ao conhecimento de arte-educação e de arte”. Alguns cursos de atualização para os professores de artes foram financiados pelo governo no período pós-ditadura e o pioneiro foi o Festival de Campos de Jordão. Esse evento foi o primeiro a fazer uma associação entre análise da obra de arte com história da arte e o com o fazer artístico. Vários outros cursos de atualização na área foram oferecidos com o intuito de se pensar as artes na escola.
Aos pouco a visão sobre arte-educação como área de conhecimento vai sendo reconhecida e o seu potencial como transmissor de valores estéticos e culturais. A proposta triangular que valoriza leitura e contextualização das obras de artes e a produção artística, ganha espaço nas escolas. No entanto, ainda temos muito que caminhar: ainda vemos profissionais trabalhando de forma descontextualizada da realidade, professores de outras áreas atuando como arte-educadores sem nunca ter lido um texto sobre o assunto e escolas que entendem que o papel das artes é a criação de “pecinhas” para datas comemorativas ou para decorar a escola. Acredito que cursos como os da UAB/UnB e projetos como o Prolicen[2] podem melhorar a qualidade do ensino das artes, abrindo uma nova perspectiva de valorização da disciplina.
Arte-Educação no Brasil: Realidade Hoje e Expectativas Futuras. Relato encomendado pela UNESCO à INSEA.
http://www.arteduca.unb.br/news/arteduca-2009
[1] Ana Mae Tavares Bastos Barbosa é uma educadora brasileira, pioneira em arte-educação.
[2] Programa de formação inicial para professores em exercício nas redes públicas de ensino nos anos/séries finais do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio promovido pelo Ministério de Educação – MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica – SEB.
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